quarta-feira, 1 de abril de 2009

Discussão sobre o ditado popular: "Quem sai aos seus não degenera"

O ditado popular: "Quem sai aos seus não degenera" é conhecido e comentado por muitas pessoas e também com a convicção de que, na realidade, é um ditado credível. Ao fazer uma afirmação destas é suposto que o pensamento de quem acredita neste dizer popular é o mesmo que afirmar que o ser huamano está condicionado à sua formação biológica. Ele recebeu um conjunto de genes dos seus pais e, pela hereditariedade, o seu desenvolvimento é condicionado ao conjunto de características dos mesmos, quer biológicas, quer corporais. Todas estas convicções são baseadas no senso comum, que não tendo muito que acrescentar servem para encarar a vida quotidiana das pessoas, não havendo mais preocupações direccionadas para outros sentidos. Todas estas experiências são baseadas em teorias implícitas, subjectivas e sem provas.
Por exemplo, um casal portador de um grau de inteligência elevada tem um filho de igual quoficiente de inteligência. Com base na teoria do senso comum, não poderia ser de outra forma. Aqui não existe influência de nenhum factor a não ser o da hereditariedade. Portanto, os pais são os responsáveis pelas características comportamentais dos seus filhos.
Ainda, seguindo esta linha de pensamento também se afirma que se os pais são pessoas de mau íntimo, sem formação cultural, o filho seguirá ao longo da sua vida tais formas comportamentais.
A inteligência do indivíduo apresenta-se como que inata e hereditária, descartando qualquer responsabilidade ao papel do educador em relação à criança. Já nasceu assim e o que está subjacente ao seu comportamento/desenvolvimento são o inatismo e a hereditariedade.
Esta teoria de senso comum é oposta à teoria construtivista a qual defende que a inteligência é desenvolvida e construída num processo sequencial, do qual os pais/educadores fazem parte integrante. O homem é um ser bio-sociocultural numa relação de continuidade ao longo da vida.
Portanto, o grau de inteligência que permanecia imutável com base no senso comum, apresenta uma posição de construção nas escolas, pelos docentes.
Claro que, a também influência do ambiente familiar e da sociedade ocupa aqui um lugar de destaque.
Mas, também é de referir o ponto de vista do professor em relação ao aluno. Se ele concorda com o ditado popular acima referido, então segue a linha inatista transportando o comportamento do aluno para tal teoria. Se ele possui um grau de inteligência elevado, tudo bem, mas caso contrário, não há nada a fazer porque já nasceu assim. Se o docente opta pela teoria construtivista, aí sim, são as crianças, os educadores e os docentes que, num processo interactivo, contribuem dinamicamente na construção da criança. O papel do professor é importante para desenvolver as competências dos alunos. Com base nesta teoria um aluno que tenha desenvolvido tais competências, deve saber avaliar o seu desenvolvimento/aprendizagem tomando consciência de todos os seus processos cognitivos. Portanto, aqui é muito importante a relação aluno/professor.
Perante o que aqui referi interessa fazer uma leve abordagem à teoria de Darwin, sobre a "origem das espécies". Este autor estudou a origem das espécies de animais e das plantas concluindo que ao longo dos séculos sofreram mutações, que evoluíram. Isto para chegar também à conclusão da evolução do ser humano. Por isso, ele sustenta que a vida, tanto nas plantas, animais, como no ser humano é um processo de adaptação permanente. Darwin defende que os seres vivos apresentam um processo de continuidade e também o da adaptação ao meio como um processo importantíssimo. O homem era visto como um ser parental de todos os outros, mas as suas estruturas biológicas foram evoluindo, tal como nos outros seres. Por outro lado e devido à adaptação do meio em que vivem, terão acesso à sobrevivência os mais fortes. Somos o resultado daquilo que herdamos dos nossos pais e das nossas experiências vividas por isso, os genes e o meio estão interligados.
Portanto e também oferecendo a minha opinião, as teorias do senso comum, nas quais os genes têm enorme relevância não devem ser consideradas isoladas só por si no factor biológico. Há toda uma estrutura externa que favorece a evolução do desenvolvimento do ser humano: o contacto com o exterior, o meio ambiente e o meio sociocultural. A influência do meio ambiental condiciona o desenvolvimento/comportamento do indíviduo. Naturalmente, que uma criança que vive numa aldeia serrana apresenta vivências opostas a uma outra criança a residir numa cidade, onde tudo é mais central. O que não quer de forma alguma estabelecer uma relação de inferioridade entre ambas, porque ambas as vivências são válidas muito embora moldem e condicionem comportamentos e personalidadesol
A frase "Dêm-me um bebé" de John B. Watson, vai somente ao encontro da construção da criança face ao meio ambiente.
Watson, grande defensor do meio, acreditava que as pessoas eram feitas, não nasciam. A criança era moldada como se de uma peça de artesanato se tratasse. Considerava que os homens eram construções e não nasciam dessa forma. Elas eram crianças do meio e não havia interacção entre a sua formação biológica com a sua adaptação ao meio ambiente.
Bibliografia consultada:
MORGADO, Lina. COSTA, Angelina. Teorias implícitas sobre o desenvolvimento. Universidade Aberta, 2009
Fichas Formativas da Unidade Curricular.
SPRINTHALL; Norman A.. SPRINTHALL, Richard C. Psicologia educacional. Lisboa: MacGraw-Hill, 1993

4 comentários:

  1. quem aos seus sai...não volta?!!!...e...

    coimbra tem mais encanto!

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  2. acho que o ditado em questão se refere a caráter e personalidade, coisas que são forjadas dentro de casa!

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  3. Resumindo Boçalnato pai tem dois bolçaisnatos filhos. Sacou?

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  4. A inteligência não é hereditária! O nosso cérebro, quando nós nascemos é inacabado, no sentido em que continua a desenvolver-se essencialmente durante a infância. Assim, as conexões entre os neurônios podem aumentar, o que faz com que uma pessoa fique com um melhor raciocínio e capacidades cognitivas e físicas. Por estas razões, uma criança que pratica variadas atividades que promovam o desenvolvimento do cérebro durante a infância, serão provavelmente mais inteligentes do que as que as não praticam. Logo, a inteligência não é hereditária.
    E só para ficarem a pensar: Se a inteligência fosse hereditária, então os pais/familiares da pessoa com o Q.I. mais elevado do mundo teriam de ter semelhante Q.I., no entanto isso não acontece. Porque?

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